quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Três Vertentes

A crise do euro pode ser descrita em três vertentes: a crise bancária que levou a sucessivos empréstimos em ambos os sectores público e privado; a acentuada queda da confiança nos governos dos países da zona euro – vertentes consideradas ultrapassadas; e as diferenças crescentes entre o Norte e Sul da zona euro.
O possível desmoronamento dos bancos europeus foi uma notícia que afugentou inúmeros investidores, iniciando uma grande recessão na Europa, contudo a confiança nos bancos parece ter sido reconstruída. Do mesmo modo, o receio que os governos da Europa faltassem aos seus compromissos, devido às disfuncionalidades políticas da União Europeia, que acabou por ter as mesmas consequências negativas, começou a desaparecer.
Embora a possibilidade de evitar uma depressão económica dependa da forma como a Europa lidar com estes dois aspectos, a perda de crescimento económico depende da capacidade dos governos do Sul de voltarem a restaurar a competitividade.
O Sul europeu tornou-se pouco competitivo através de um processo de maus incentivos e decisões de mercado. O Norte da Europa tinha capacidade de investimento e estava disposto a conceder empréstimos com condições extraordinárias, o que levou as entidade sulistas a aumentar os salários quando viram uma possibilidade de aumentar o seu financiamento. Adoptada uma estrutura económica desfigurada, em que os níveis salariais, os preços e a produtividade exigiam 13 euros gastos por cada 12 produzidos, sendo a diferença financiada pelo Norte. Já a estrutura verificada nos países do Norte europeu fazia sentido, gastando-se menos um euro por cada ganho.
Actualmente, para recuperar as décadas “perdidas”, a produtividade do Sul europeu precisa de aumentar em relação aos níveis dos países do Norte. Para tal será necessário um decréscimo de cerca de 30% dos níveis dos salários e dos preços do países do Sul para que possam cobrir o seu percurso com exportações e o Norte gaste os seus excedentes nesses produtos.
Para evitar a estagnação do euro e lutar pela sua preservação devem ser tomadas diversas medidas políticas para aproximar os dois grupos de economias europeias e encontrar, de novo, a estabilidade política e monetária criadora da União Europeia.

Ana Sofia Noivo

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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