sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O futuro está na (nossa) terra!

Os problemas específicos do nosso setor agrícola são principalmente: a baixa rentabilidade, o envelhecimento populacional, a reduzida formação da maior parte dos ativos agrícolas e a fragilidade do setor produtivo face ao crescente poder da grande distruibuição.
O estado atual da agricultura nacional reflete não só os problemas específicos do setor como também a situação financeira, económica e social crítica que o país atravessa. A atual crise vem agravar as condições do exercício das atividades agrícolas, florestais e agro-alimentares, cujo tecido empresarial é baseado em estruturas de micro, pequena e média dimensão, que se apresentam muito vulneráveis.
A crise aguda que Portugal está a atravessar, faz-nos esquecer, por vezes, a enorme riqueza que possuímos: a natureza e o que ela nos pode oferecer! A nossa boa localização (extremo sul e ocidental da Europa) permite-nos grande diversidade animal e vegetal, variedade de paisagens e climas, com zonas secas e zonas húmidas, planícies e montanhas, rios e mar, muitas horas de sol, muita água, muito vento, biomassa e calor saído da terra. Portugal tem todas as condições para poder tirar o melhor proveito desta riqueza em recursos energéticos renováveis. Desenvolver este potencial pode ajudar a economia a crescer! A floresta, por sua vez, ocupa 64% do território nacional e é o terceiro maior exportador, contribuindo anualmente com 1 300 milhões de euros para a economia portuguesa. A costa de Portugal é extensa, ronda os 1230km no continente, 667 km nos Açores e 250km na Madeira. Apostar no mar, é acima de tudo ser mais sustentável. A combinação de tudo isto tem uma grande potencialidade económica.
Em primeiro, parece-me necessário reabilitar a imagem do setor, que  por muitos é considerado como atrasado e inviável. É preciso demonstrar que os setores agrícola e agro-alimentar têm futuro a nível alimentar, energético e ambiental. Revitalizar a agricultura e aumentar a produção nacional poderá gerar receitas capazes de contribuir para o equilíbrio da balança alimentar, exportando o mesmo valor que importamos. É vital para o nosso país encontrar vias para diminuir a nossa dependência externa de bens alimentares e para aumentar as nossas exportações, preferencialmente com elevado valor acrescentado, de modo a ultrapassar de forma duradoura a atual crise. E o setores da produção agrícola, da produção florestal e agro-alimentar podem desempenhar um papel muito importante.
Por outro lado, aumentar os incentivos aos verdadeiros interessados, os agricultores, e tornar o mundo rural aliciante, atraindo jovens para a agricultura (combate à desertificação humana do meio rural).
         Os produtos da floresta devem ser valorizados, por serem genuínos e com valor nos mercados internacionais. O mar deve tornar-se um vetor essencial do desenvolvimento português. Importa portanto reforçar os apoios aos múltiplos setores ligados às atividades marítimas.
Segundo Adam Smith: “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”. Nós consumidores, olhando para a atual conjuntura, devemos comprar conscientemente, contribuindo para valorizar a nossa produção agro-alimentar, apoiando os agricultores e empresas nacionais. Assim, o consumo nacional deve ser preferencial. Ao consumir estamos a contribuir também para o aumento da produção, criando novos postos de trabalho, combatendo assim outro problema macroeconómico da atualidade. 
       Há estudos de organizações como as Nações Unidas que mostram que a economia verde pode ser uma mina de riqueza, acelera o crescimento do PIB e é uma fonte de empregos. Eu acredito que a sustentabilidade ambiental, económica e social é o caminho certo para a Humanidade, e regressar aos campos como solução para responder à crise pode ser uma opção. O futuro da sociedade global será necessariamente verde!      

Maria Costa Ferreira

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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