segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Pobreza em Portugal

A crise económica e financeira em Portugal agravou a pobreza, e este fenómeno social que atinge já o valor de 2 milhões de pessoas, poderá em 2013 atingir os 3 milhões, situação extremamente preocupante e que resulta da ainda mais pesada austeridade do orçamento de Estado proposto para 2013.
Ana Cardoso, do centro de estudos para a intervenção social, afirma que Portugal está a assistir à “democratização da pobreza”, fruto da austeridade. “A quantidade de pessoas que estão em processo de empobrecimento, apesar de terem qualificações, habitação própria ou outros níveis de conforto “ e ” O pobre já não é o grupo social que gozava de má imagem e a quem todos os pecados eram atribuídos”, são a novidade desta crise, o que nos remete para a nova classe de pobres que se instalou no País. Esta nova classe de pobres abrange os indivíduos que, apesar de terem um emprego, não têm salário para fazer frente às despesas do respectivo agregado familiar, a que o aumento dos impostos directos e indirectos não é alheio. Esta situação deriva do pesado orçamento sob o qual Portugal se encontra, e que também levou ao encerramento de 14 mil empresas nos primeiros 9 meses do ano, que por sua vez colocaram no desemprego milhares de pessoas, pessoas estas que na sua maioria pertencem à classe média e se tornaram nos novos pobres do país.
E como passaram grande parte dos indivíduos da classe média a fazer parte da nova classe de pobres do país? A resposta é simples: o endividamento conjugado com o desemprego crescente fizeram nascer esta nova classe. E porquê a classe média? A esta classe pertencem a maioria dos funcionários públicos, que são cerca de 608,7 mil, e que são os mais afectados pelas medidas de austeridade que têm vindo a ser adoptadas pelo governo no combate à crise.
Durante anos as famílias portuguesas tiveram acesso ao crédito fácil, e criou-se o hábito de contrair dívidas para bens que não são de primeira necessidade. As inúmeras propagandas a linhas de crédito seduziam os consumidores, que se deixavam iludir pelas quantidades exorbitantes a que podiam ter acesso, sem contudo pensarem no longo prazo, isto é, se teriam hipóteses de o pagar caso as condições financeiras em que se encontravam viessem a alterar-se.
E foi precisamente o que aconteceu. Com a instalação desta crise económica e financeira em que vivemos, as famílias viram-se cada vez mais endividadas, chegando mesmo a recorrer à DECO (Defesa do Consumidor) em desespero face à situação limite em que se encontravam de não terem capacidade de pagar as suas dívidas.
A Economia portuguesa “destruiu” 650 mil empregos, chegando a haver na mesma família marido e mulher desempregados. O cenário agrava-se quando pensamos que estes casais são pais e mães de famílias com responsabilidades que se traduzem no pagamento das contas no final de cada mês.
O que podemos concluir desta situação é que a maior parte das famílias portuguesas se habituou a viver acima das suas possibilidades e sempre recorrendo ao crédito, sem nunca pensaram que esta crise financeira pudesse vir a afectar o seu modo de vida, ou pelo menos que tardasse mais em chegar.

Mafalda Sá

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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