quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Competitividade e Produtividade Portuguesas

Recentemente houve uma grande polémica devido a intenção do governo em reduzir a TSU para as empresas e, em contrapartida, aumentá-la para os trabalhadores. Esta descida iria aumentar a competitividade de Portugal no estrangeiro através de uma desvalorização fiscal, e assim incentivar as empresas, principalmente as exportadoras, a criar mais emprego.
Existem várias maneiras de aumentar a competitividade de um país. A primeira é desvalorizar os salários, a segunda é uma desvalorização fiscal como a redução da TSU, e a terceira um aumento da produtividade superior ao aumento do salário. Pode-se também optar por uma combinação das três.
Sabendo-se que não houve qualquer desvalorização fiscal, nós fomos perdendo competitividade, pois o aumento dos salários foi superior ao aumento de capital. Os anos de 2008 e de 2009 foram os anos em que houve uma maior perda de competitividade, devido principalmente a uma perda de produtividade no ano de 2008, e uma recuperação, apesar de pequena, em 2009. No ano de 2010 o aumento de salário e o aumento da produtividade estavam a convergir.
Esta perda de competitividade teve como consequência uma diminuição das exportações do ano de 2008 para o ano de 2009, que acabaram por aumentar em 2010, ano em que a perda de competitividade começou a reduzir. Em paralelo, as importações seguiram a mesma tendência das exportações, o que manteve o saldo da balança comercial estável, quando comparado a anos anteriores.
O aumento da competitividade assenta essencialmente no aumento da produtividade, pois uma redução do salário, apesar de não ser bem vista pelos próprios trabalhadores, também não o é pelos países importadores. Mas como podemos aumentar a nossa produtividade?
Para aumentar a produtividade é essencial um investimento por parte dos empresários, através de uma renovação tecnológica do capital produtivo e consequentemente da formação dos trabalhadores. Mas nesta altura de crise o financiamento das empresas junto dos bancos está muito complicado por causa dos altos juros dos empréstimos. Mesmo que fosse fácil de obter financiamento era necessário que os empresários soubessem incentivar os trabalhadores de modo a que trabalhassem mais e melhor, não necessariamente através de altos salários mas de boas condições de trabalho, algo que falta em muitas empresas portuguesas.

João Miguel Costa Carneiro

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: