quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Queda drástica no consumo

O Consumismo em Portugal tem-se vindo a verificar como uma atitude de consumir produtos ou serviços de forma pouco ponderada, devido à influência exercida pela publicidade nos indivíduos, isto é, o consumo pelo consumo domina o quotidiano da maior parte das famílias portuguesas que adquirem, em períodos de crise, bens de que não necessitam só porque outros os têm.
Contudo, os portugueses estão a consumir menos e não apenas porque vêem o seu rendimento a diminuir. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), nos primeiros seis meses do ano, o consumo das famílias diminui 3,4% e o rendimento bruto disponível diminui 1,4%, em comparação com igual período de 2011. Então, com estes dados, verificamos que a queda do consumo português foi duas vezes superior à queda do rendimento. Assim, parte deste rendimento não gasto serviu para aumentar a poupança das famílias, que aumentou 1,8%, em comparação com o mesmo período do ano passado. E, no caso português, a poupança não é uma prática recorrente para a maioria dos indivíduos e assim poderíamos dizer que estes acontecimentos seriam bons indicadores para o Governo, uma vez que um dos principais objectivos do programa de ajustamento português era reduzir o consumo e o endividamento das famílias.
No entanto, esta redução drástica no consumo deitou abaixo as previsões oficiais e surpreendeu o governo, já que este dizia “que os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades”, acabando por prejudicar claramente a receita fiscal. O primeiro ministro Pedro Passos Coelho admitiu em entrevista a RTP que “ A poupança cresceu ao longo deste ano a uma dimensão que não esperávamos” e ainda referiu que “o que se passou é que muita gente, por receio ou por precaução, tinha dinheiro para gastar e não gastou. As pessoas podiam ter comprado automóveis! Tem um efeito positivo. Saiu menos dinheiro do país. Mas as receitas fiscais baixaram”. O ajustamento do consumo das famílias tem sido um dos principais factores por trás do aperto do mercado internacional interno. O consumo privado, em Portugal, vale, aproximadamente, 67% da criação de riqueza e, no acumulado de 2011 e 2012, caiu quase 10%.
A quebra no consumo foi generalizada, porém aplicou-se essencialmente aos bens duradouros (exemplo: compra de casa, automóveis), com uma descida homóloga de 22,3% no segundo trimestre do ano, enquanto que o consumo de bens não-duradouros diminui 5,2% (fonte dos dados: INE).
Em suma, sendo Portugal um país onde há muitos consumidores inconscientes, com esta crise o Governo tinha de resolver o problema de alguma forma. Contudo, o consumo não devia ter caído tão drasticamente como aconteceu pois, como referiu Adam Smith, “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”, ou seja, para a economia se desenvolver e crescer é preciso produzir mas, para produzir, é preciso consumir.

Cristiana Manuela da Silva Coelho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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