sábado, 13 de outubro de 2012

O descalabro de Portugal

Estamos perante uma das maiores crises da nossa história, com graves consequências na vida dos Portugueses e com graves desequilíbrios macroeconómicos, nomeadamente, ao nível do rendimento, do consumo e do investimento. Para uma percepção mais detalhada da realidade é necessário analisar como aqui chegamos e principalmente avaliar o momento actual.
Entre 2007/2009, instala-se a crise financeira internacional reconhecida como a mais grave desde a 2ª Guerra Mundial. Surgiu, em países Europeus e Americanos, como por exemplo, os Estados Unidos, Portugal, Irlanda, Reino Unido e a Espanha, em virtude de problemas nos mercados de crédito. O aumento do endividamento, a falta de confiança e de liquidez nos mercados, o aumento do preço do petróleo, dos bens alimentares e das matérias-primas conduziram ao colapso do comércio mundial. Em pouco tempo, deparamo-nos com a chamada “crise do euro”, que afectou todos os Estados da União, não só pelo desequilíbrio das contas públicas mas também por uma economia globalmente em perda.
Olhando exclusivamente para a situação Portuguesa, identificamos vários problemas estruturais e um fraco crescimento económico. Estamos perante um desequilíbrio na balança corrente, ao nível das exportações/importações/rendimentos/factores produtivos. A dimensão da dívida, a incapacidade de cumprir os seus compromissos internacionais, a crise bancária, a dificuldade em melhorar o saldo da balança comercial num contexto de desaceleração económica foram alguns dos factores que forçaram o nosso país a efectuar um pedido de ajuda/intervenção junto da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) acordado com o Programa de Ajustamento Financeiro. Este Plano de Ajuda Financeira tem como objectivos corrigir os défices orçamentais e combater as tendências contracionistas da Economia Portuguesa, no entanto, algumas das medidas acordadas tem um efeito devastador na economia, a nível de salários reais e consequentemente, a nível do bem-estar dos Portugueses. Na minha opinião, a entrada da Troika trouxe consequências para o país, nomeadamente ao nível do desemprego e dos impostos, para além de que o Estado viu diminuir a sua capacidade de intervenção na economia, sobretudo ao nível das despesas.
O governo não deve anunciar medidas que prejudiquem a economia. Actualmente, discute-se principalmente sobre a Taxa Social Única (TSU), em que o governo português propõe uma diminuição das contribuições das empresas para a segurança social de 23.75% para 18%, tendo como consequência o aumento da contribuição dos trabalhadores de 11% para 18%. Esta medida tem gerado uma contestação generalizada. Do ponto de vista do governo, a alteração da TSU visa combater o desemprego, aumentar o investimento e as exportações e diminuir as importações, no sentido de assegurar a competitividade. No entanto, alguns estudos publicados revelam que a TSU não irá beneficiar o país mas sim prejudicar os Portugueses, uma vez que o custo salarial para as empresas não se altera mas o salário líquido dos trabalhadores é menor.
Em suma, são necessárias reformas a nível da Segurança Social, da saúde e da educação no sentido de melhorar a sua qualidade e fazer com que toda a população tenha acesso a estes serviços. Portugal, deveria diminuir a sua dependência externa, aumentar a quota de mercado, obter o equilíbrio nas contas públicas no sentido de alcançar o crescimento económico.

Ana Patrícia Rodrigues Martins

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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