segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Fundações – extinguir ou apoiar?

O Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal obriga ao cumprimento de várias medidas constantes do Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica. Uma das medidas baseia-se numa análise intensiva das entidades públicas acerca dos seus objetivos, propósitos e conquistas, com o objetivo de, após essa análise, decidir se essas fundações devem ser extintas ou se devem apenas ser geridas e financiadas de maneira mais criteriosa.
                A questão gerada à volta das fundações existentes no nosso país não é frequentemente discutida, no entanto, uma grande parte dos gastos do Estado tem a finalidade de financiar estas entidades e o mais grave é que nem o próprio Governo tem a noção exata de quantas fundações existem e quais os seus desideratos.
Hoje em dia, para criar uma fundação é necessário apenas ir a um notário fazer um registo e esperar pelo seu reconhecimento, ou seja, este tipo de entidades é de fácil constituição sem ser analisado exatamente qual a sua missão e, sabendo que uma fundação tem como propósito o apoio ou promoção de áreas específicas, por vezes, o Estado financia fundações sem estas estarem a conseguir o que inicialmente foi estipulado. Deveremos deixar este problema continuar? Deveremos deixar que as fundações sejam criadas e geridas de qualquer forma? Ou então o Estado deveria estipular novas regras de criação de entidades para que existam apenas aquelas que tenham um objetivo concreto e com um fim a atingir que seja benéfico para todos, de modo a justificar o apoio financeiro do Estado?
Neste momento, estima-se que existam 1000 fundações, das quais 800 estão registadas e apenas cerca de 450 estão ativas, no entanto, todas elas são financiadas pelo Estado. Será que o nosso país tem possibilidades financeiras para sustentar e financiar qualquer tipo de entidade pública? Não deveria haver um maior controlo do Estado perante estas fundações? Porém, apesar de existirem fundações mal geridas, existem outras que estão a ser questionadas e na minha opinião, sem razão nenhuma, como é o caso da Fundação Paula Rego. Sabendo que esta artista é reconhecida internacionalmente, assim como as suas obras, não deveríamos pôr em causa a sua existência. Esta fundação recebe apoios do Estado, assim como de empresas privadas, mas atrai bastantes turistas e isso leva a que a economia seja estimulada. É ou não dever do Estado apoiar as fundações que efetivamente, de uma forma ou de outra, servem de apoio a variadas áreas sociais, neste caso à cultura e assim estimular a economia do nosso país?
A questão presente é ter em conta que existem demasiadas entidades públicas a beneficiarem do financiamento do Estado e estas devem ser analisadas em função da sua relevância social e da capacidade orçamental do Estado, de modo a que este possa honrar os seus compromissos, sem ter de se endividar e de comprometer o desenvolvimento da Nação, ou seja, de todos nós. 

Rita Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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