quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Crise: Bem-me-quer… Malmequer…

“Não podemos fingir que as coisas vão mudar se continuarmos a fazer as mesmas coisas. Uma crise pode ser uma verdadeira bênção para qualquer pessoa e para qualquer nação, pois todas as crises geram progresso.
A criatividade nasce da angústia, tal como o dia nasce das trevas da noite. É no meio da crise que nasce o engenho, bem como as descobertas e as grandes estratégias. Aquele que ultrapassa a crise ultrapassa-se a si próprio, sem ser ultrapassado. Quem atribui as culpas do seu fracasso a uma crise está a negligenciar o seu próprio talento e dá mais importância aos problemas do que às soluções. A incompetência é a verdadeira crise.
A grande inconveniência dos povos e das nações é a preguiça com a qual tentam encontrar soluções para os seus problemas. Não existe um desafio sem uma crise. Sem desafios, a vida torna-se uma rotina, uma lenta agonia. Não existe mérito sem crise, é na crise que podemos demonstrar o que há de melhor em nós. Sem uma crise, qualquer rajada de vento torna-se uma pequena brisa. Falar de uma crise é promovê-la, por outro lado, não falar dela é incentivar o conformismo. Em vez disso, tentemos trabalhar arduamente. Acabemos, de uma vez por todas, com a crise ameaçadora que representa a tragédia de não se ser capaz de acabar com ela.”

Crise, segundo Albert Einstein
Vivemos num tempo difícil. Talvez o mais complicado após o 25 de Abril, com aspectos negativos incontornáveis! Com mais de oitocentos mil desempregados e muitos empregos precários, as falências, os incumprimentos, projectos adiados, cortes nos salários e pensões… Parece paradoxal falar em aspectos positivos nesta que é uma crise mundial, mas com uma dimensão excepcional na Europa. Existirá algum aspecto positivo a retirar desta ensombrada crise? Existirão oportunidades no meio de tantas e tão grandes turbulências nos mercados?
Entender o conceito de benefício da crise é o mesmo que dizer que uma doença é um bom sinal. É óbvio que gostaríamos de uma vida sem doenças mas é uma aspiração completamente impossível. A possibilidade de ficarmos doentes está sempre presente, na nossa alimentação, no ar, no nosso quotidiano, no modo de vida. Tal como na doença, a melhor forma de enfrentar a crise é adoptar a mesma postura de como um organismo enfrenta uma doença, reagindo e vencendo-a.
As crises são difíceis de prever, mas ocorrem com alguma frequência e quando surgem devemos saber responder a como nos posicionarmos de forma a sairmos mais fortes, de como aproveitar as próprias oportunidades que a crise oferece. De como ganhar fatias de mercado e de como nos posicionarmos quando o mercado voltar a crescer.

No meio de um panorama cinzento o gestor financeiro deve colocar 3 questões críticas que o ajudarão a sair de uma situação desfavorável:
1.      Como é que a crise afecta a sua empresa e o sector da mesma?
2.      Qual o posicionamento estratégico da empresa?
3.      Quais os recursos financeiros que a empresa pode utilizar para atravessar a crise?
Existem ferramentas de gestão, que serão extremamente importantes em momentos de crise de forma a implementar os planos de acção, a redução dos custos e investimentos, o aumento das receitas e margens, deslocar os recursos para as actividades “core” e preparar “movimentos arrojados”.
Em tempos mais turbulentos, uma importante vantagem competitiva de uma empresa é a estratégia de aproveitamento de nichos de mercado, uma vez que desenvolvem recursos para manter uma posição saudável atendendo às necessidades pouco exploradas ou inexistentes dos consumidores.
Empresas que possuam de equipas de gestão de qualidade, que ajustem os seus modelos de negócio, que saibam como aproveitar a crise como alavanca de crescimento de negócio, focando-se para tal nos aspectos fundamentais de gestão (visão, estratégia, segmentação de mercado, posicionamento, valor acrescentado para o cliente, qualidade de recursos humanos, parcerias) não só aguentam a crise como crescem! Este crescimento pode ser reflectido no volume de negócio, na rentabilidade ou até mesmo em ambos os indicadores, do que resulta uma valorização bolsista.
É então notório que as empresas para ultrapassar o impacto da crise e saírem da conjuntura menos favorável tenham já definido uma visão, estratégia, objectivos mensuráveis (a curto e médio prazo), quais os mercados em que pretendem interagir, os benefícios do cliente aliados à qualidade dos recursos humanos e parcerias.
É certo que identificar a oportunidade certa, que permita a escolha do negócio que possa não somente ser bem sucedido, mas principalmente manter-se ao longo do tempo (o que chamamos de empreendedorismo por oportunidade) é o grande desafio dos empreendedores. Empreender em tempos de crise significa assumir riscos altos, mas em contrapartida pode ser também a oportunidade de inovar, ou seja, transformar ideias em ações lucrativas, com perspectivas de sustentabilidade e solução de continuidade de longo prazo.
Claro que existe sempre a questão: onde estão as oportunidades? E, é claro: como faço para aproveitá-las? Existem duas grandes hipóteses nesse momento de crise: implementar um novo negócio com a concepção adequada para este contexto ou redefinir as estratégias do negócio actual. Cabe ao empreendedor avaliar qual o caminho seguir, mas para isso é preciso olhar também para dentro da sua organização e construir um caminho sólido para continuar caminhando.

Sabemos como a crise começou, mas não sabemos como ela vai terminar, quanto tempo vai durar e quais os reais reflexos na economia mundial.
A crise deixa-nos mais alertas! São etapas em que os empreendedores são colocados à prova. É necessário uma maior criatividade para se aproveitar as (poucas) oportunidades que surgem, e só aqueles mais preparados poderão materializar as oportunidades mais lucrativas e prósperas, que serão os motores de um novo ciclo de crescimento.
Este é o lado bom da crise! Saber que a gestão pode evoluir e que para tal não é necessário esperar pela próxima crise para que se tenham presentes os aspectos fundamentais de sucesso de qualquer empresa. Devemos, portanto, olhar para uma crise como uma grande oportunidade!

Joana Raquel Carvalheira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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