quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Austeridade versus Crescimento

Um pouco por todo o mundo, como consequência da crise financeira a nível global, os desequilíbrios económicos são cada vez maiores e mais preocupantes. Sendo que o facto de as instituições financeiras não terem conseguido gerir da melhor forma o seu montante de liquidez fez com que os governos, na sua maioria, tivessem que injetar dinheiro na economia, agravando ainda mais as contas públicas do Estado. Desta forma muitos desses governos precisaram de endividar-se e aumentar os impostos para conseguirem cumprir parte das suas obrigações.
Assim, em Portugal a adoção das políticas de consolidação orçamental, que foram recentemente aplicadas, resultaram sobretudo das nossas desvantagens comparativas e dos elevados acréscimos na dívida pública, ou seja dos aumentos insuportáveis nos custos de financiamento. Realçando que segundo as previsões do INE, a dívida pública para 2012 deve atingir os 119% do PIB e o défice orçamental ficará aproximadamente nos 5%. Consequentemente, para endireitar as contas públicas e tentar resolver os problemas da dívida soberana, ninguém duvida que a austeridade é uma condição necessária, mas não suficiente para atingir esse mesmo objetivo. Uma vez que para não se entrar num ciclo vicioso recessivo, como aconteceu em 2009 com Grécia em que o PIB teve quedas bastante acentuadas, é preciso promover o crescimento económico - fator indispensável para impulsionar o desenvolvimento de um país. Por conseguinte, o principal problema consiste em saber como se poderá conciliar o crescimento com a austeridade? A resposta a esta questão é um pouco ambígua, uma vez que a estimulação do crescimento não deve resultar de um aumento da dívida ou da despesa pública, mas antes de reformas estruturais a vários níveis.
Assim, para que tal ocorra os governos devem tentar implementar reformas ao nível dos sistemas financeiros nacionais e internacionais, bem como implementar medidas de forma a promover o aumento do emprego e das exportações, de forma a tentar aumentar a competitividade dos produtos portugueses no estrangeiro. Contudo o único inconveniente é que essas reformas levam vários anos a produzir efeitos. Por outro lado, também não se deve generalizar a ideia de que apenas as políticas orçamentais expansionistas é que são as melhores, por nestas estar implícito um maior crescimento, contra a ideia de que a austeridade é errada por sobretudo estar associada à recessão. Isto porque é necessário ter em conta as conjunturas e características próprias de cada economia, pois políticas que possam ter efeitos positivos numa economia, não significa que produzirão os mesmos efeitos noutra economia com características distintas da anterior.
Concluindo, atualmente, com a crise económica e social a agravar-se um pouco por todo o mundo, é necessário adotar medidas, credíveis e eficazes, de forma a restabelecer a estabilidade financeira, para assim se poder atingir um sólido e forte crescimento económico e desta forma relançar a economia Portuguesa.

Valentina Maria Sousa Cerqueira Lima

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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