terça-feira, 16 de outubro de 2012

Adeus reformas?

Nos últimos anos em Portugal temos vindo a assistir, cada vez mais, a um aumento acentuado do envelhecimento da população. Este facto deve-se essencialmente à diminuição acentuada e monótona da taxa de natalidade (de 16,2 ‰ em 1980 para 9,2 ‰ em 2011) e ao aumento da esperança média de vida, o qual entre 1990 e 2010 foi de 5,5 anos no total. Isto traduz-se numa diminuição da população ativa e aumento da inativa: passam a existir mais indivíduos a pagar os seus descontos para a Segurança Social, passando a usufruir da reforma, do que nova mão-de-obra para compensar os descontos perdidos e as novas reformas. Ou seja, existe mais dinheiro a sair do que a entrar nas contas da Segurança Social.
Atendendo à situação atual do país, um outro fator que está a gerar gastos muito elevados à Segurança Social é o número de pessoas no desemprego, que nos últimos tempos tem vindo a aumentar de forma muito significativa, o que gera ainda mais encargos para a mesma. É por todos estes motivos que “a segurança social precisa de monitorização e de uma análise cautelosa”, como referiu o ministro das finanças, Vítor Gaspar, ao Jornal de Negócios.
Para este fim, têm vindo a ser referidas/impostas algumas medidas cujo objetivo seria a diminuição do volume de despesas da Segurança Social, tais como o aumento da idade da reforma, para assim os indivíduos permanecerem mais tempo a descontar para a Segurança Social. No entanto, tendo em conta a situação atual do país, estes indivíduos podem ficar desempregados e assim passam na mesma a beneficiar de um subsídio e não a contribuir para o aumento das receitas. Também têm sido diminuídas as despesas com os subsídios de doença e subsídios de desemprego, por exemplo. Contudo, as medidas que têm sido impostas não têm originado uma diminuição das despesas de forma a garantir a sustentabilidade da Segurança Social.
Dada a inexistência de sustentabilidade dos sistemas da entidade em questão na atualidade, podem advir consequências desastrosas a longo prazo. Uma das mais graves, entre elas, poderá ser a ausência de reformas para quem está agora no mercado de trabalho a descontar para a Segurança Social, uma vez que estes indivíduos estão a descontar para quem está neste momento reformado. Por outro lado, o envelhecimento da população implica a existência de um menor volume futuro de descontos. E se já no presente nos deparamos com insustentabilidade da Segurança Social, o vislumbre deste futuro não é um bom presságio.
Da mesma forma que as reformas serão muito provavelmente afetadas por este panorama, também os subsídios de desemprego e outros apoios sociais são suscetíveis de desaparecerem.
            Tal como se afigura, a conjuntura socioeconómica atual não é propensa a uma gestão sustentável da Segurança Social. Será que a resolução do problema passaria pela adoção de um regime público de capitalização, onde os descontos de cada um seriam recebidos pelo próprio?

Catarina Vanessa Silva Gonçalves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: