quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A crise Financeira Internacional

A crise está entre nós. Em qualquer meio de comunicação social ou conversa de café, ela é um tópico recorrente. Ela forçou-nos a fazer sacrifícios, cortes na despesa e ainda não tem um final à vista. Todos nós enquanto cidadãos somos conscientes dos tempos difíceis em que vivemos, mas não muitas vezes nos interrogamos como é que a situação chegou a tal ponto. Afinal o que é que causou tal perturbação? Como é que a situação se tornou tão descontrolada?
A origem da crise prende-se com o excesso de endividamento. O acesso ao crédito generalizou-se nos recentes anos do século XXI. Países como os EUA, Reino Unido, Irlanda, Islândia, Espanha e claro Portugal foram consecutivamente aumentando o seu nível de endividamento. Grande parte do mesmo destinou-se à aquisição de habitação e consumo. Neste processo, as poupanças dos cidadãos gradualmente diminuíram. Paralelamente, verificavam-se taxas de juro muito baixas, os instrumentos financeiros foram melhorados e supostamente foram criados produtos que tinham como objetivo reduzir o risco ”securitisation”. Desta forma, indivíduos economicamente mais carenciados poderiam aceder mais facilmente a financiamento. Assim, o acesso ao crédito era como uma forma de redistribuição do rendimento. Será essa uma explicação para a falta de controlo deste setor? O Estado/Banco Central não deveria ter um papel mais ativo na regulação da banca? Pois quando um banco se vê em apuros as consequências podem ser desastrosas, e frequentemente são os contribuintes a pagar a fatura de má gestão. Afinal, não parece ser uma medida redistributiva muito eficaz…
A principal causa do crescimento do crédito à habitação foi a forte subida dos preços da habitação em vários países (EUA, Espanha…). A subida do preço da habitação permitia aos detentores de crédito que não tivessem condições de o pagar vender a habitação a um preço superior ao de compra, pagar ao banco e ainda lucrar. Uma clara bolha imobiliária que se foi tornando gigantesca.
Ainda associada à crise estão as agências de rating – Moody’s, Standard and Poor’s e Fitch. No período anterior à crise ocorreu uma avaliação excessivamente positiva de ativos de risco elevado, o que poderá ter induzido certos investidores em erro. Por outro lado, está o problema da proximidade das agências de rating para com os seus objetos de avaliação. Não é necessário ter uma licenciatura em Ciências Económicas para ver que houve um conflito de interesses.
Era óbvio que tais bolhas especulativas e comportamentos irracionais teriam inevitavelmente um fim. À medida que a incerteza se foi espalhando, a crise estourou, o comércio internacional contraiu, os bancos deixaram de ter liquidez, o crédito secou, as habitações desvalorizaram e o cidadão comum viu-se numa situação económica muito delicada.
Apesar de a crise nos estar a causar sérios problemas, é verdade que ela também nos abriu os olhos para o mundo. É imperativo nos dias que correm aperfeiçoar a intervenção dos órgãos públicos nos mercados financeiros, mas salvaguardando a liberdade necessária para o funcionamento do mercado e da inovação. O cidadão comum já não tem uma confiança inabalável nas instituições financeiras, e estas para reaver tal estima terão que lutar por a merecer.

Mariana Gonçalves Trancoso

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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